Matosinhos
No século XVI, com carta de Foral atribuída em 1514 por D. Manuel I, assumindo-se como um importante centro produtor agro-pecuário e sede de ricas propriedades, Matosinhos torna-se um dos principais pólos abastecedores do Porto numa altura em que freguesias como Ramalde, Foz e Aldoar ainda faziam parte do seu território.
É neste século que se constrói a actual Igreja de Matosinhos e para onde se transfere a antiga imagem do Bom Jesus até então depositada no Mosteiro de Bouças. A crescente importância deste culto levará, dois séculos mais tarde, a uma profunda remodelação do templo efectuada pelo arquitecto italiano Nicolau Nasoni. A extensão que o culto e a devoção ao Senhor de Bouças tinham já alcançado no Brasil, então em pleno apogeu do “ciclo do ouro”, foram um elemento determinante na realização deste ambicioso projecto. A este arquitecto são também atribuídas importantes obras nas quintas do Chantre (Leça do Balio) e do Bispo (Santa Cruz do Bispo), Capela de S. Francisco (Quinta da Conceição).
Leça do Balio
Seria nesta época um pequeno cenóbio cuja invocação original era o S. Salvador do Mundo, de fundação modesta, talvez de tipo familiar e destinado a acolher os membros da família patronal, como era comum nesta época. Os seus patronos eram, no séc. X, Trutesendo Osoredes († 995) e sua mulher Unisco Mendes, que pertenciam a uma importante família da antiga nobreza local. O documento mais antigo que se lhe refere data do ano de 1003 e refere-se a uma doação de uma herdade aos frades e freiras da basílica fundada no lugar de Recarei.
Leça da Palmeira
A origem daquele que é actualmente o principal parque público municipal de Matosinhos remonta à instalação neste local, em 1481, do Convento de Nossa Senhora da Conceição da Ordem de S. Francisco. Instalados primitivamente, desde 1392, no Oratório de S. Clemente das Penhas (junto à actual Capela da Boa Nova), “numa marinha agreste: o mais inculto, desabrido e estéril [sítio]” conforme relatava em 1666 Fr. Manoel da Esperança. A natureza agreste do sítio levou, alguma décadas mais tarde, a que se procurasse transferir o cenóbio para um local mais ameno tendo sido escolhido a antiga “Quinta da Granja”. Já no séc. XX a Quinta da Conceição, que confinava com as margens do rio Leça, entra na posse da Administração dos Portos de Douro e Leixões com vista à construção da doca nº2 do Porto de Leixões. Em 1956 a restante propriedade é arrendada pela Comissão de Turismo da Câmara Municipal de Matosinhos para a criação do “Parque da Vila”, sofrendo durante a década de 60 importantes melhoramentos coordenados pelo arqº Fernando Távora onde se destaca o campo de ténis e a piscina (da autoria do arqº Siza Vieira).
Bonito relógio de Sol, muito ornamentado. O estado da pedra não deixa ler qualquer numeração ou data. Não tem gnómon.
Santa Cruz do Bispo
Santa Cruz do Bispo, concelho de Matosinhos, diocese do Porto. Como entidade religiosa remonta ao início da Nacionalidade. Em 1239 chamava-se Santa Cruz Riba Leça e depois Santa Cruz da Maia (por pertencer ao julgado da Maia). Desde 1623 começou a chamar-se Santa Cruz do Bispo. Por pertencer ao Cabido da Diocese do Porto, D. Rodrigo Pinheiro – Bispo do Porto – em 1552 – estabeleceu nesta freguesia uma Quinta de repouso, junto às margens do Rio Leça, tendo influenciado definitivamente a sua toponímia e evolução. Daí o nome de Santa Cruz do Bispo.