São Pedro e Santiago

O Convento de Nossa Senhora da Graça da Ordem dos Eremitas Calçados de Santo Agostinho existe possivelmente desde a década de 80 do séc. XVI para substituir a anterior construção incluindo a respectiva cerca e horta na zona da Várzea Grande, habitada desde o último quartel do séc. XIV, mas posteriormente ameaçada pelas cheias invernais da Ribeira de Alpilhão, afluente do rio Sizandro.

Na parede exterior sul do Convento da Graça, próximo da esquina mais a poente da sacristia da Igreja encontra-se um relógio de Sol que não se sabe ao certo qual a sua origem. É vertical e tem um gnómon em ferro. A numeração é árabe e não está datado supondo-se que poderá ter sido gravado nas décadas finais do século XVI ou caso tenha vindo do antigo mosteiro, como outras pedras da demolição reutilizadas no novo convento,  poderá ser datado do séc. XV. O local onde se encontra hoje teria então o edifício da “Gafaria” ou “Hospital de Santo André” onde os eremitas terão ficado provisoriamente enquanto se desmantelava o anterior e se construía o novo Convento.

Também na parede sul do Claustro do Convento e Igreja da Graça, encontra-se um outro relógio de Sol que não estava originalmente neste Convento e a sua apresentação também não parece combinar com a arquitectura do dito. Este relógio encontrava-se no espólio do Museu Municipal, sem qualquer identificação. Dada a sua monumentalidade foi decidido colocá-lo em lugar bem visível. Há vagas informações que teria vindo de uma igreja do Turcifal. É um relógio vertical de pedra trabalhada. Tem uma legenda bíblica do Evangelho de S. Mateus. Não tem gnómon nem está datado.

A peça abaixo parece ter sido um trabalho cuidadoso, decorado com uma cruz latina de pontas trilobadas, mas inacabado, pois não se nota qualquer vestígio do local onde deveria prender-se o ponteiro. É de pedra lioz, cinzento claro, e não tem data nem gnómon. O intervalo das horas indica ter sido construído para aproveitar as horas de Sol dos maiores dias de Verão antes e depois do solstício de Junho. Encontra-se nas reservas do Museu Leonel Trindade em Torres Vedras a quem agradecemos a oportunidade de o poder fotografar.

O Convento de Santo António do Varatojo foi fundado no reinado de D. Afonso V e aí foi instalado por frei João da Comenda um dos primeiros relógios mecânicos do país. Apesar disso, os tradicionais relógios de Sol habituais nos mosteiros portugueses desde o século XII não desapareceram nem foram extintos. Na verdade, durante mais de dois séculos, foi necessário recorrer aos relógios de Sol verticais ou horizontais para acertar periodicamente os relógios mecânicos que tinham adiantamentos ou atrasos diários frequentes e difíceis de controlar. Assim, era necessário verificar a existência de um relógio de Sol neste convento apesar dos documentos consultados nada afirmarem a este respeito. No parapeito do piso superior do Claustro do Convento, no lado ocidental, na zona que se situa abaixo daquela onde foi instalado o famoso relógio mecânico, encontra-se uma figura circular com um centro bem visível e donde partem raios e traços em todas as direcções, mas sem mais qualquer anotação onde se reconheça tal instrumento de medida do tempo, nem com intervalos regulares. Acontece que este parapeito e esta figura apenas recebem directamente a luz solar durante algumas horas da manhã. Continuamos a pensar que existiria no Convento do Varatojo um relógio de Sol.

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