Na região da Lourinhã a presença humana remonta aos tempos da pré-história, desde o Paleolítico, do Neolítico e também do Calcolítico. Ao longo dos tempos foram vários os povos que deixaram as suas marcas de passagem na região, sucessivamente os Iberos, Celtas, Fenícios, Gregos, Túrdulos e Cartagineses e, por volta dos anos 220 a.C. chegaram os romanos, começando a chamada romanização.
Uma vila romana terá estado na origem da Lourinhã, à qual terá ido buscar o seu nome Laurinius. Segundo Leite de Vasconcelos, que na “Etnografia Portuguesa” explanou sobre o topónimo Lourinhã, este tem origem no nome latino Laurinius ou Laurinus, nome próprio ou alcunha, que aditado do sufixo anum, que significa “área agrária”, teria dado Laurinianum, o que poderá traduzir por Herdade ou Casal do Lourinho. Aquele Lourinho seria o proprietário duma vila rural aqui existente. Ainda segundo o mesmo, o Casal do Lourim, pequeno aglomerado próximo da Vila da Lourinhã, teria derivado de um tal Lauriani, genitivo de Laurianus, nome romano ou germânico romanizado, proprietário de uma vila rural.
De acordo com outros historiadores e linguistas, o nome poderá ter outras origens e derivar: da palavra latina Laurius-Laurili, laurus-laurili ou do baixo latim laureança, que quer dizer loureiro ou terra onde existem muitos loureiros
A palavra Zambujeira parece vir de uns arbustos chamados “zambujos”, também ditos azambujos, azambujeiros e zambujeiros (palavras de origem árabe, com o significado de “oliveira brava”) os quais existiam junto de um casal composto por três casas, que deu origem a esta localidade.
Da Igreja muito pouco se sabe. O relógio de Sol tem gravada a data 1676 crendo-se ser esta a data da construção não só do templo como do Cruzeiro vizinho.
Quer haja ou não um tesouro escondido na Quinta da Moita Longa (Toxofal de Cima, Lourinhã), no sentido de um monte de riquezas materiais como nas histórias de aventuras, aquele local é morada certamente, de outro tipo de tesouro: o legado da presença da Ordem dos Templários naquela região, há oito séculos. O relógio de Sol vertical em pedra será provavelmente da mesma altura da construção: séc. XVII.
Não conseguimos encontrar referências de quando pode ter sido construída esta casa senhorial no Touxofal de Baixo. O relógio de Sol vertical nela existente tem gravada a data de 1762 e numeração romana.
Toda esta região foi sucessivamente habitada por Celtas, Romanos, Visigodos e Mouros, que deixaram os seus vestígios indeléveis na sua população. Toda a área pertencente à freguesia foi habitada desde tempos imemoriais, remontando ao neolítico os mais antigos testemunhos aqui encontrados e que consistem em quatro grutas que serviram de necrópole, duas situadas junto à estrada que liga São Bartolomeu dos Galegos ao Reguengo Grande, uma de cada lado da estrada e frente uma à outra, a terceira conhecida por Lapa do Reguengo Pequeno está situada junto desta povoação. Estas grutas foram classificadas, dada a sua importância arqueológica, como Imóveis de Interesse Explorações arqueológicas da I.P.A.A.R., confirmam a descoberta de uma sepultura coletiva neolítica, tendo ali sido encontrados um vasto espólio antropológico constituído por inúmeros ossos humanos, bem como grande quantidade de artefactos líticos, constituídos sobretudo por pontas de seta e variada cerâmica. Aquando das obras da construção da capela mortuária, no adro da Igreja de São Bartolomeu foram encontradas, inteiras, três cabeceiras medievais que devem datar dos fins do Século XII ou princípios do Século XIII, têm esculpidas cruzes páteas, uma cruz grega e um pentagrama. A presença das cabeceiras é sinal de que existia já um núcleo populacional de um estrato superior ao dos simples reguengueiros e trabalhadores da terra, núcleo que poderia ter origem em colónia estrangeira e ser constituída por mestres canteiros, profissão que perdurou em São Bartolomeu através dos séculos até aos nossos dias.
O topónimo Moledo, que deriva do latim molletum, rochedo ou pedra grande, está associado ao território onde se integra – o Planalto das Cezaredas – um dos mais belos monumentos naturais nacionais e um local que a história e a tradição oral popular associa aos acampamentos de César, às caçadas reais e aos amores clandestinos de D. Pedro e Inês de Castro Segundo alguns historiadores, perto do local onde se ergue a da Igreja do Divino Espírito Santo, Igreja Matriz do Moledo, existiria um Paço, de cujas ruinas ainda existiram algumas pedras, onde terá vivido D. Inês e D. Pedro e terão nascido três dos seus filhos. A história imortalizou esta aldeia, que acolhe de forma inovadora e criativa, o passado, o presente e o futuro, prezando e mantendo as histórias contadas de geração em geração através do curioso projeto de escultura pública – Moledo Acontece – associado ao mito inesiano em terras da Lourinhã. As várias e curiosas obras deste projeto podem ser admiradas um pouco por toda a aldeia, particularmente junto à igreja, aos lavadouros e ao Ribeiro de S. Domingos.
A Igreja do Matriz do Moledo, sob evocação do Divino Espirito Santo, é de construção renascentista e está situada na aldeia do Moledo, na freguesia mais pequena e interior do concelho da Lourinhã. É um templo rural obidense, inscrito na tradição da arquitetura popular religiosa típica do século XVII na região e caracterizado pela tipologia de alpendre, que constitui o prolongamento do espaço religioso no exterior da fachada principal.
A Junta de Freguesia confirmou-nos a existência de um relógio de Sol guardado nesta Igreja, à espera de restauro, que não conseguimos fotografar.
Em Moledo encontrámos esta escultura com a seguinte descrição: “Relógio de Sol – Escultura constituída por dois elementos em pedra e um plinto. A base tem uma forma ovoide e simboliza um tabuleiro de xadrez e ao mesmo tempo é um mostrador de relógio. Esta peça, como o nome indica trata-se de um Relógio de Sol, onde o visitante pode ver as horas recorrendo às linhas traçadas na calçada, que marcam todas as meias horas. O conceito de relógio de Sol está directamente ligado à história de D. Pedro e D. Inês, visto que o seu funcionamento é eterno, à medida e semelhança do Amor cantado por Camões. Para nos confirmar a ligação da escultura a esta história, no topo do mostrador encontramos o pino que é projectado pela luz solar fornecendo a marcação das horas. O pino é constituído por duas peças de xadrez, um Rei e uma Rainha. Quanto à peça caída, não deixa dúvidas, trata-se de uma Rainha morta, já a que se encontra em pé a dúvida subsiste podendo representar D. Pedro I o amante, ou se por outro lado o “carrasco” da história, Afonso IV, o pai de D. Pedro I.
Reguengo Grande. Esquina de uma casa na Rua de S. Domingos.
Reguengo Grande – Igreja de S. Domingos.
Reguengo Grande – Rua Drª. Mariana Duarte
Praça D. Lourenço Vicente – Lourinhã