Cantanhede
Embora não existam elementos que nos conduzam a uma data certa da fundação de Cantanhede, há alguns importantes achados arqueológicos que dão conta da presença humana no território pelo menos no Paleolítico Médio, cujo terminus ocorre por volta de 30.000 a 28.000 a.C..
Durante este período, o Homem de Neanderthal ocupou esta região e foi responsável pelos inúmeros artefactos em sílex encontrados em diversas estações arqueológicas de freguesias como Ançã, Outil e Portunhos.
Esses achados, recolhidos ao longo de anos pelo arqueólogo Carlos Cruz, estão hoje em exposição no Museu da Pedra e compilados na Carta Arqueológica do Concelho de Cantanhede editada pelo Municipio de Cantanhede.
O topónimo Cantanhede vem da raiz celta cant, que significa “pedra grande”, e relaciona-se com as pedreiras existentes na região. Daqui nasceu o primitivo “Cantonieti”, mencionado na documentação dos séculos XI, XII e XIII também com as grafias “Cantoniedi” “Cantonidi” “Cantonetu”.
As primeiras referências históricas remontam a 1087, data em que D. Sisnando, governador de Coimbra, a teria mandado fortificar e povoar. Segundo alguns autores, D. Afonso II terá dado foral a Cantanhede, posteriormente confirmado pelo foral outorgado por D. Manuel I, em 20 de Maio de 1514.
Igreja construída em 1618, dedicada a S. Tiago. É um dos mais belos templos da região.
Admite-se que a primitiva construção terá ocorrido em meados do século XVII (1674), tendo depois conhecido profundas obras de remodelação em 1786 e, mais recentemente, no século XX.
Aqui fomos encontrar do lado Sul da construção, um relógio de Sol vertical, meridional, em pedra com numeração árabe, sem gnómon e sem data.
Aqui fomos encontrar do lado Sul da construção, um relógio de Sol vertical, meridional, em pedra com numeração árabe, sem gnómon e sem data.
No século VII, num dia de Verão de sol escaldante, oito monges enviados pelo Patriarca do Ocidente S. Bento, chegaram a Ançã. Os monges, fatigados da marcha, acamparam à sombra de uma árvore, numa colina, na mesma colina onde mais tarde se ergueria a Capela de S. Bento. Os monges desembrulharam os alforges, deles tiraram o pão endurecido e o queijo cabreiro, fresco, embrulhado em folhas verdes. Em seguida agradeceram a Deus tão luminoso dia e tão saborosa refeição. Olharam em redor, admiraram a pequena ribeira a seus pés, a fresca vegetação, o Monde Alto e, ao sul, a delicada mancha azulada da Serra da Lousã. Foi então que por cima deles passou, vindo não se sabe donde, um bando de corvos rebrilhando de negridão, voando em linha recta para norte, e, em certo ponto, mergulharam por uma abertura na floresta. Os monges não tiveram dúvidas, o Senhor mostrava-lhes o local exacto da nascente e as terras excelentes para o estabelecimento de um povoado. Os monges abateram árvores, ergueram cabanas, cultivaram terras e em breve surgiu um povoado – Ançã, cujo nome queria dizer abundância de água.
Dedicada a Nossa Senhora do Ó, deve o seu aspecto actual a duas fases importantes de obras, uma no século XVII, muito provavelmente da época do exílio na vila do seu donatário, D. Álvaro Pires de Castro, político influente fiel ao deposto D. Afonso VI, e outra nos finais do século XVIII e princípios do século XIX, por ocasião de um violento incêndio que muito a maltratou.
Na torre sineira, do lado Sul, encontra-se um Relógio de Sol vertical meridional, com numeração árabe e gnómon em metal. Não está datado.