S. João das Lampas
A Igreja Paroquial de São João Baptista é um magnífico templo de origens góticas, contemplando já vários séculos de existência. Apesar dos primeiros documentos conhecidos datarem do século XV, precisamente de 1421, é muito possível que a primeira estrutura ali existente possa ter surgido ainda nos séculos XIII ou XIV. Encimado num cunhal da fachada Sul, podemos ver um belíssimo relógio de Sol vertical meridional, com três faces, com data de 1771, com gnómon em ferro e com inscrição: “AVEMARIA”.
A caminho do Museu de S. Miguel de Odrinhas, parámos por curiosidade num espaço de venda de pedras antigas e com um misto de satisfação e tristeza encontrámos cinco destas belas peças que procuramos. De onde vieram estas peças? Foram roubadas? Os seus proprietários desinteressaram-se delas? É triste darmo-nos conta da pouca ou nenhuma consideração que temos por um património tão valioso.
A Ermida de S. Miguel de Odrinhas é um templo de origem medieval que sofreu avultadas obras nos inícios de quinhentos, como o atesta a recente descoberta de uma porta lateral manuelina e de azulejos mudejares que permaneciam entaipados. No século XVIII, provavelmente como consequência do terramoto do dia-de-Todos-os-Santos de 1755, o edifício foi profundamente remodelado. A ermida – edificada sobre uma uilla romana – encontra-se precedida de alpendre que, pelo lado direito, se alonga pelo corpo do templo, terminando junto ao arco solio, no qual se inscreve o túmulo medieval de Fernão Reganha e seus herdeiros.
Na ponta mais a Sul do seu telhado encontra-se um interessante relógio de Sol vertical, meridional, em pedra, com numeração árabe e gnómon em ferro, datado de 1860.
Esta peça encontra-se provisoriamente no Museu de Odrinhas para limpeza e reparação. É um relógio vertical em pedra mármore, com numeração árabe e sem gnómon. Desconhece-se a proveniência. Depois do seu restauro será colocado no Museu das Tradições. Agradecemos ao Museu de Odrinhas a oportunidade que nos deu de o poder fotografar.
Relógio de Sol proveniente de A-do-Longo. É uma bonita peça em pedra da região, com numeração árabe e sem gnómon. Está datada de 1852. Esta peça está a ser restaurada no Museu de Odrinhas a quem agradecemos a oportunidade de poder fotografá-la. Após o seu restauro, destina-se ao Museu das Tradições.
A Freguesia de S. João das Lampas é muito rica em Relógios de Sol. Aqui ficam mais três fotografados em casas particulares na Assafora:
À esq. no telhado, é um relógio vertical meridional em pedra, com numeração romana e gnómon em ferro. Não está datado.
À dir. no canto de uma casa, é também um relógio de Sol vertical meridional, em pedra, sem gnómon, com numeração árabe e tem gravadas as mesma estrelas que encontrámos na peça na Ermida de S. Miguel de Odrinhas e a mesma cruz.
À dir. em baixo, relógio vertical meridional em pedra da região, na quina de uma casa, com numeração árabe, datado de 1856 e tendo gravadas as mesmas estrelas já referidas acima. Terão sido feitos pelo mesmo canteiro?
Na Capela de Nossa Senhora da Consolação na Assafora existe, sobre o beirado virado a Sul, um relógio de Sol em pedra, com o gnómon em ferro, numeração romana e datado de 1856.
Logo à entrada da aldeia de Santa Susana, abre-se um terreiro onde se implanta a ermida de Santa Susana (Mártir, nos finais do século III), assinalada por singelo cruzeiro datado de 1809. Este pequenino templo é de origem quinhentista. No canto do telhado, virado a Sul, encontra-se um relógio de Sol vertical meridional, em pedra, com numeração romana e gnómon em ferro, datado de 1808.
Segundo as memórias paroquiais 1758, os habitantes da freguesia das “lampas”, “tem o privilégio de se não fazerem soldados, pelo trabalho que tem de fazerem vigia ao mar”. Neste trecho da costa marítima portuguesa actividade dos corsários era intensa durante séculos. Sítio de guerra quase permanente. Alfaquiques situada num cume, do qual a vista alcança ampla porção de oceano, é apropriado a permanência de vigilante, depois iria levar a alcáçova de Sintra noticias do avistado mar dentro.
Relógio de Sol vertical meridional em pedra da região, numeração árabe e gnómon em ferro, 1899.
Arneiro dos Marinheiros é uma aldeia saloia de Sintra, com poucos habitantes, situada perto da praia do Magoito.A maior parte dos seus residentes trabalham na agricultura e no comércio e serviços. A aldeia tem um parque infantil que exibe uma âncora oferecida pela Marinha de Guerra Portuguesa simbolizando desta forma o nome da aldeia. Arneiro dos Marinheiros ainda preserva alguns dos seus costumes tradicionais, entre os quais as Festas Saloias e a gastronomia tradicional.
Relógio de Sol vertical meridional, em pedra da região, com gnómon em ferro e numeração árabe, 1832.
À medida que vamos visitando as localidades e falando com os seus habitantes, mais e mais informação vamos tendo sobre os relógios de Sol. Os mais antigos lembram-se bem deles. Nesta aldeia de S. João das Lampas, a Chilreira, fomos encontrar 2 relógios de Sol verticais meridionais ambos em pedra e com gnómon em ferro. O primeiro na Casa do Largo datado de 1860 e outro mais actual, sem data.
Gouveia e Fontanelas, duas aldeias vizinhas onde encontrámos relógios de Sol em casas particulares. São ambos feitos em pedra da região, com numeração árabe e gnómon em ferro. O de Gouveia de 1998 e o de Fontanelas de 2003.
Casa particular em S. João das Lampas, Relógio vertical meridional em pedra da região, com gnómon em ferro e numeração romana datado de 1996.
Numa casa particular em S. João das Lampas, relógio vertical meridional em pedra, com gnómon em ferro, datado de 1950.
Este relógio de Sol muito bonito e em bom estado de conservação, feito em pedra da região, com o gnómon em ferro e datado de 1818, encontra-se numa casa particular no Magoito.
Gostaríamos de deixar aqui uma nota interessante sobre as decorações dos relógios que nesta freguesia de S. João das Lampas são bem notórias: a Cruz que pode significar sinal de respeito e protecção e a Roseta Hexapétala que está ligada aos cultos solares e à superstição popular. Pode ser representada pelo Sol, uma flor ou uma estrela.