Quando terão aparecido os primeiros relógios de Sol na Lusitânia romana?

Ao conquistarem a “finis terrarum”, a Província Romana da Lusitânia, os romanos trouxeram consigo, os primeiros relógios de Sol. São muito poucas as peças dessa época  que têm sido encontradas em Portugal.

Lusitânia Romana. Origem de Dois Povos / Lusitania romana. Origen de Dos Pueblos

“…Esta exposição tem por isso como objetivo principal, a partir de uma seleção de bens arqueológicos de inegável importância, dar a conhecer esta Lusitânia romana…”

“…Roma trouxe consigo e expandiu a sua ideia de Estado e a sua Cultura a todo o território peninsular, articulando uma rede de infraestruturas e gerindo um tecido político, administrativo e religioso com a figura da cidade como eixo fundamental. Este feito histórico dilatou-se ao longo de cinco séculos e do seu legado patrimonial disfrutam hoje tanto o Reino de Espanha como a República Portuguesa. De forma especial, a província da Lusitânia é um paradigma de uma realidade cultural que une ambos os estados. Os vestígios arqueológicos reunidos, bens culturais únicos que se mostram agora no Museu Nacional de Arqueologia têm como função fundamental: contar a história da antiga ocupação humana do território da Lusitânia hoje a maior parte de Portugal e parte de Espanha…”

“A Lusitânia é uma construção romana – ela não existe antes como território único”, referiu o Professor Doutor Carlos Fabião a propósito das origens desta província.

O estudo arqueológico da villa romana de Freiria, em S. Domingos de Rana, foi apresentado como tese de doutoramento de Guilherme Cardoso. A sua investigação mostrou quanto esta casa de campo romana detinha de singular no conjunto de estruturas idênticas encontradas no território português. Entre os achados que mostram a cultura das gentes que viveram em Freiria, foram recuperados dois fragmentos de um quadrante solar de pedra, em calcário da região, permitindo a reconstituição da quase totalidade do relógio, cerca de três quartos, e determinar, desde logo, que se trata de um quadrante de tipo cónico, e gnómon horizontal, expressamente construído para uma latitude muito próxima da do local: 39-40 graus. De secção meio cilíndrica, apresenta um orifício central na parte superior, para fixação do gnómon, com 12 mm de diâmetro e a profundidade de 28 mm. No pequeno buraco observam-se, ainda, vestígios de chumbo. Servia para regular as horas do dia. E se esta afirmação pode ser vista como banal e desnecessária, não o é na verdade, porque a sensibilidade ao tempo – que ora obrigatoriamente nos está ‘na pele’ – não é assim tão frequente em eras recuadas e, no que diz respeito aos Romanos, o achado de quadrantes não é comum. Era, pois, intenção dos proprietários da ‘villa’ que houvesse já uma organização – e também este é um bom sintoma de assaz significativo índice cultural.
José d’Encarnação – Jornal Costa do Sol , nº 127, 17-02-2016, p.6.

No Museu Monográfico de Conimbriga em Condeixa a Nova encontrámos uma interessante placa em Terracota. O Catálogo do Museu diz o seguinte sobre esta peça:

IMITAÇÃO DE RELÓGIO DE SOL (?)
Argila
Inv. 67.455
Diâm. 230 x 225 mm. Esp 40 mm
Esc. Luso-Franc. [67.R2(5)]
Ferreira e Pessoa 2015
Disco plano, dividido ao meio por uma linha horizontal, sendo o espaço superior marcado por duas séries de quatro arcos separados por uma linha horizontal, e o inferior
preenchido por um quadrante solar onde estão representadas as horas e o solstício de Inverno.
Ainda sobre esta peça Guilherme Cardoso diz-nos o seguinte:
“Uma pequena placa de terracota descoberta em Conímbriga, é possivelmente, uma imitação de relógio de sol. A peça apresenta um desenho esgrafitado que, nos nove segmento de recta do meio campo inferior, se assemelha, de facto, a um relógio de Sol; só que, estranhamente, todas as linhas horárias partem da meridiana, formando uma espinha, quando, na prática, elas deviam convergir todas para um eixo central”.

Esta peça foi fotografada em 2016 no Museu Nacional de Arqueologia em Lisboa quando da exposição Lusitânia Romana – Origem de Dois Povos
O bem cultural fotografado neste Museu Nacional faz parte da coleção do Museu Nacional de Arte Romano.

“Sabemos existir também um outro quadrante solar esférico exposto no Museu Municipal de Campo Maior, proveniente da villa romana da Herdade de Olivã, junto à fronteira espanhola”. Informação retirada de Guilherme Cardoso.


Estivemos em Campo Maior, falámos com A Câmara Municipal, visitámos O Museu Aberto e o Museu de Arte Sacra. Ninguém parece conhecer esta peça.
Solicitamos a quem saiba do seu paradeiro nos informe para que possamos completar esta informação.

A título de curiosidade damos a conhecer duas peças que chegaram até nós e que ainda estão em processo de investigação. Quem sabe algum de vós as conheça e nos possa ajudar.

Em exposição no Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa, em Braga, encontrámos este relógio de Sol romano.
Esta peça foi doado ao Museu pelo casal Hans-Peter Bühler e Marion Bühler-Brockhaus em 2018. Trata-se de uma peça em mármore, com o gnomo original em cobre, ou liga de cobre, com fixação em chumbo. Não dispomos de informação sobre a sua proveniência original ou contexto, mas não deverá ter sido encontrada em Portugal. A cronologia apontada para esta peça é entre o século II antes de Cristo e o século I depois de Cristo.

Esta peça foi fotografada em 2003 em Alvito – Distrito de Beja, junto ao posto de turismo. Foi então informado que a peça teria vindo de um antiquário. Actualmente já não se encontra no local onde foi fotografada e a Câmara Municipal do Alvito informa desconhecer a peça. Agradecemos a quem saiba do seu paradeiro ou a sua história que nos informe para que possamos dar veracidade a esta publicação.

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